
Voltando a escrever para ver se a sensação física de raiva (manja aquela coceguinha chata que vai da boca do estômago até a garganta, sucedida por uma vontade inesgotável de dar um soco em qualquer coisa?) dá uma trégua.
Enfim... vamos ao que interessa: a (ainda sem fim e triste) história do sorvete de coco com estigmas de açafrão grego.
Tudo começa em 2007, quando uma das minhas amigas mais queridas volta da grécia com um pequeno embrulho para mim. Quando eu abri, lá estava, linda, reluzente e magnifíca: a minha caixinha com 0,358g (isso mesmo... menos de meio grama!) de açafrão grego. Okey, okey... para vc talvez isso seja tão bacana quanto um punhado de casca de bananas; mas para mim, uma apaixonada por cozinha, aquilo era tipo um dos MELHORES presentes que eu poderia ganhar. Isso porque o tal do açafrão tem um sabor característico, maravilhoso e que combina com doces e salgados. Sem falar que o negócio é caro. Muito caro. Hoje fiz uma pesquisa e uma caixinha com os mesmos 0,358g que eu ganhei está na faixa de R$ 26,00! E para tornar o presente ainda mais especial: eu fui a única pessoa de fora da família dela que foi lembrada na viagem (pelo menos no que se refere a compras...). Será que deu para entender o quanto a tal da caixinha de açafrão era valiosa para mim? E não falo apenas do valor financeiro... por isso eu estava esperando A (eu disse AAAAAAA) receita. Tinha que ser algo fabuloso, não necessariamente complicado. Muito tempo se passou, li várias receitas e nenhuma fazia os meus olhinhos brilharem.
Até que há mais ou menos um mês... tcharam! Achei a tal da receita (no blog do David Lebovitz): sorvete de coco com açafrão. Sorveteira recém-comprada, açafrão retirado do esquema de conservação, ingredientes comprados. Ok!
Ontem preparei a base do sorvete (que precisa ficar na geladeira de um dia para o outro antes de ir para a sorveteira). O plano era simples: chegaria em casa hoje na hora do almoço e colocaria aquela base linda (sério... o cheiro daquilo ficou indescritivel de tão bom... sem falar na cor e no colorido que os estigmas de açafrão deram para a mistura...) na minha máquina, que faria o trabalho árduo de bater e congelar a base (deixando-a cremosa e levemente aerada) durante a minha refeição. Mas planos estão sujeitos a falhas. E não sei ao certo como denominar a falha que ocorreu no meu plano.
O fato é que a Gê, minha querida Gê (e de irônico esse querida não tem nada, porque ela cuida de mim com o maior carinho) jogou a minha base (com açafrão e tudo!) no lixo pensando que era sopa do dia anterior. Na hora, a minha vontade era pular no pescoço dela... tipo vontade instantânea, dessas que aparecem e o bom senso manda a gente contar até 56378755560897 para manter o auto-controle. Sem falar no piti que eu tive que conter, porque a minha vontade era gritar e chutar tudo (sim... como menina mimada que sou), mas só soltei um "caramba, Gê... vacilo.... você tem que prestar mais atenção nas coisas, né, cacete!" e fiquei muda e muito séria. Durante todo o almoço (lembre-se que sou falante demais... nas refeições, inclusive).
Porém a raiva continuava. Como assim agora é moda sair jogando qualquer coisa fora sem cheirar só porque "parece sopa de ontem?". E por um acaso a sopa do dia anterior não pode estar boa? E como assim???? Como assim ela me joga um negócio fora sem ao menos ter a certeza do que é aquilo e - pior ainda - sem ter a certeza que a tal coisa está estragada?
Sim... ela, a Gê, minha querida Gê teve um dia difícil. Meu avô torrou a paciência dela até dizer chega. Ela já estava meio assim.... num daqueles very-bad-hair days e acabou se distraindo. Pena que a distração dela vitimou o meu apreciado presente. O meu pensamento seguinte à vontade de esganar alguém (no caso ela, a Gê) foi fazê-la pagar pelo açafrão que foi para o lixo. Mas logo depois vem a minha bendita (???) humanidade (?!??!??!?!??) que me lembra de toda a luta dela para ganhar o salário. E aí eu penso nos filhos dela e aí vem o conflito: erros como esse aconteceram com muita freqüência (com trema porque eu sou anti-reforma) nos últimos tempos e não fazê-la pagar pode dar margem a novos e mais freqüentes erros. Fazê-la pagar significa tirar dinheiro de onde há muito pouco. E assim... o maior valor daquela caixinha com 0,358g de tirinhas vermelhas não era financeiro. Minha decisão? Adivinha só...
Concluindo a minha história, ainda resta meia caixinha de açafrão. Que vai virar outra base de sorvete. Que - como deveria ter acontecido com o primeiro - será partilhado entre alguns queridos amigos, incluindo aquela amiga que me deu o presente.
Que essa (futuramente feliz) história sirva de lição para mim e para a Gê...
E ramo prá cozinha!
2 comentários:
ahhh entao ainda tem um pouco de açafrão?
ufa, não foi tudo então!!!
:D
ai, essas coisas me dão vontade de matar...rs... a faxineira aqui de casa já fez isso.
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